Você sabe o que é ociosidade imobiliária?
O autor Alan W. Evans descreve a ociosidade imobiliária com um exemplo: quando um terreno tem um proprietário, mas simplesmente não é utilizado para nenhuma finalidade. O espaço se torna, então, o que chamamos na linguagem comum de “terreno baldio”. A prática, inclusive, não é incomum. E vai além!
O Plano Diretor de São Paulo define critérios objetivos e três tipologias de ociosidade imobiliária: a não utilização, a subutilização e a não edificação. Mas como isso é analisado nas cidades brasileiras e por que esse levantamento é importante?
Estudos sobre ociosidade imobiliária
Para trazer a ociosidade imobiliária de forma mais palpável para a nossa conversa, vamos seguir utilizando a cidade de São Paulo como referência. Dessa forma, voltamos ao Plano Diretor do Município! Em 2014, ele estabeleceu o combate à ociosidade como uma estratégia com o intuito de garantir a função social das propriedades urbanas.
A partir dessa determinação, o Laboratório de Habitação e Assentamentos Humanos da Universidade de São Paulo e o Laboratório de Estudos e Projetos Urbanos e Regionais da Universidade Federal do ABC desenvolveram uma metodologia* própria a fim de realizar o levantamento de imóveis potencialmente ociosos na região central da cidade.
Entre uma série de fatores, o estudo levou em consideração:
- Estado de conservação das edificações;
- Acessos lacrados;
- Janelas quebradas ou com fechamento provisório;
- Acúmulo de lixo dentro ou na frente do lote;
- Placas de aluga-se ou vende-se;
- Consulta aos dados relacionados ao consumo de energia e ao abastecimento de água;
- Ausência de área construída.
Vale saber:
O Plano Diretor Municipal é o mecanismo legal que visa orientar a ocupação do solo urbano, tomando por base um lado de interesses coletivos e difusos, como a preservação da natureza e da memória, e de outros interesses particulares de seus moradores. Desse modo um arquiteto urbanista com a participação de uma equipe interdisciplinar faz sob sua responsabilidade técnica, em um processo de planejamento participativo. |
Resultados das observações
Na região do Centro Histórico de São Paulo, outra pesquisa** de campo foi realizada, como resultado, encontramos mais de 500 imóveis em condição de ociosidade imobiliária. A percepção dessa realidade na capital paulista e em outras cidades do país levanta questões como o que motiva esse “abandono” e como promover a função social diante dele.
Como uma possível causa, em 2021, no cenário de crise econômica gerado pela pandemia da Covid-19, o economista André Braz da Fundação Getulio Vargas*** observou que foram realizadas muitas devoluções de imóveis por dificuldade de pagamento. Assim, cresceu a quantidade de imóveis vazios pelo Brasil.
E você? Tem percebido a ociosidade urbana em nosso município? Para você, o que ela reflete? No Núcleo, estamos sempre atentos às mudanças e às percepções mercadológicas relacionadas à urbanização e à arquitetura. Para acompanhá-las com nosso time, continue acompanhando nosso blog.
Fontes:
*Vazios Concretos: um olhar para a ociosidade urbana. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/977470/vazios-concretos-um-olhar-para-a-ociosidade-urbana
**Padrões espaciais de ociosidade imobiliária no Centro Histórico de São Paulo: uma análise empírica. Disponível em: http://www.anpec.org.br/encontro2009/inscricao.on/arquivos/184-e822849eff2e6cacdcf3804c888237b0.pdf
***Ociosidade de imóveis evita disparada de aluguel, diz economista da FGV. Disponível em: https://www.abecipeducacao.org.br/noticia/ociosidade-de-imoveis-evita-disparada-de-aluguel-diz-economista-da-fgv%20